quinta-feira, 8 de maio de 2014

A moça que foi em paz. II

Enfim
Pintada a alma
A mão cansada
Grisalha de giz

Assim
Deixava o corpo
Jazido no sopro
Que nutre a raíz

Já não pesavam-lhe
Nem tudo, nem todos

Então
Talvez o arbusto
Seria mais justo
Final de repouso

Senão
Seria uma linha
Que enxuta desfia
Do furo de um bolso

Deixou-se apenas
Ir.

Sequer
Sentia que valia
A bagagem tardia
Em seu coração

Qualquer —
O seu nome agora
Ou seria aurora?
Talvez, solidão

Já não deviam-lhe
Nem nada, nem ninguém

Alguém
Deixou de existir
Mas sem exaurir
É simples mistério

Também
Pôde viver vida
Senhora florida
Dona cemitério

A moça apenas
Ia.

Porém
Ficou o encanto
Gélido, no entanto
Porque era dor

Amém
Disse quem ficou
Pois quando voou
Caiu dela o amor

Já não faziam-lhe
Nem tempo, nem espaço

Enfim
Lavada a alma
A mão deitada —
Agora era giz

Assim
Deixou o sopro
Levá-la do corpo —
Cruzou a matriz

Tornou-se apenas
Ida.