terça-feira, 20 de setembro de 2011

Television

It already led you to your next hundred shoppings, right after you turned it off.

domingo, 11 de setembro de 2011

Há algumas horas fui filmado, mas não fui rendido.
Tem boa gente como eu que sabe que não sou bandido.

Entrevista

E se tudo não passar de uma mera coincidência?
- Vou correr com ela mundo afora e que se danem as conseqüências.

Qual a sensação da longa espera por um sonho?
- Quando nova, é linda. Enquanto passa o tempo, começa a arder, mas é uma ardência boa, na boca da alma, atiçando o fogo espiritual que traz a pressa do amor.

Você disse que, às vezes, parece loucura...
- Sim, realmente, e são muitas as vezes. Mas eu ando bem maluco ultimamente e, cá entre nós, não faz diferença ser normal. ;D

E quanto ao passado?
- O que tem?

Te faz ter medo?
- Um pouco, mas o humor possibilita feitos matavilhosos, de pavor à gozo, e estou disposto a cultivar toda a gama de possíveis sentimentos. Medo é só um dos sete pecados. (risos)

Se você pudesse adquirir uma aspiração musical, através de qual fonte seria?
- Bem, tenho escutado muito uma música em especial chamada Lizard, do King Crimson. Mas se você diz "encarnar" um personagem musical com o coração, fico entre Fred Mercury e James Brown. Mas estamos no século XXI e, como disse um grande amigo meu (desconheço se por sua própria autoria), é o paradoxo da nossa geração: "Se todas as portas estão abertas, não há nenhum caminho". Quanto a instrumentos, deliro a me imaginar ao flanco de um saxofone, ou, quem sabe, uma maravilhosa Lira, encantando com uma melodia ensolarada.

Você desistiu do violão? Não se imagina na guitarra?
- Não desisti, apenas tenho um violão empenado e que desafina o mizão quando se tenta afinar a mizinha. Ainda quero resolver meu problema dos mindinhos e aprender a derramar um fraseado bacana direto da cabeça pras cordas, mas sem qualquer ânsia por enquanto. Não me imagino na guitarra. De fato, acho que tenho uma queda é pelo baixo, apesar de não ter ou nunca ter realmente praticado algo nele. Sempre imagino o baixo muito antes da maioria dos outros elementos em uma música.

Quais suas aspirações para o futuro? O que você acha que vai acontecer?
- Eu bem que queria saber. Até joguei Tarot esses tempos, e meu destino musical está tranqüilo e seguro, salvo um pequeno cuidado com o diabo e a morte que, vamos combinar, também curtem música de montão. (risos) Quanto a demais realizações futuras, não há o que saber, mas pode-se dizer que eu vou relaxar e curtir ao lado de minha querida alma gêmea e depois lá se sabe o que vai rolar.

Você se considera um músico? De uma forma séria?
- Não não não não não, de forma alguma. Eu não vou levar a música a sério. Nunca levei, nunca levarei. Eu sou um músico, sabe? (risos)

Você acredita que exista o conflito Família X Música?
- Não sei do que você está falando. Minha família está para mim como eu estou para minha família. A música não tem a ver com eles, salvo por exceções de influências musicais, muitas por parte de pai e algumas por parte de mãe. Acho que se minha família quizesse ordenar ou apenas cultivar minha horta musical, eu não possuiria o talento de um cantor solitário e sairia cantando as merdas que tem por aí. Isso, ainda, se qualquer tentativa desse certo. Sou a veia artística da família, e falo por mim, apenas, pois sou uma espécie de descarrego genético de acumulado talento, modéstia à parte.

O que você mais odeia em uma pessoa?
- Tem dois sujeitos que me fazem ter vontade de cortar línguas e pescoços por aí. O primeiro é o falastrão, aquele cara que muito fala e pouco faz, apenas quando caem na sua gandaia. E tem gente que se sai muito bem nesse papel, vou te dizer. Alguns são "líderes", digamos assim, de suas emburrecidas nações entorpecidas. Odeio esse tipo de gente e sempre vou odiar. Em segundo, o sujeito bundão, que se ofende porque você estava meio alto e se esqueceu de responder a pergunta imbecil dele, ou por que você não gostou da música que ele colocou, então ele fica olhando pra baixo e te faz sentir culpado. Sou um cara calmo e até respeitoso demais, não consigo encarar a sagaz bundolência que é olhar pra uma cara de bunda e ser bem sincero na chinelada.

Você acredita em amor à primeira vista?
- Acredito em energias equivalentes, em sexo bom, em belezas e proezas incomuns e principalmente na tranqüilidade em conjunto. Com dois itens ou mais, pode rolar um amor bem bacana, e pode ser à primeira, segunda ou até décima vista. De que importa afinal?

Você disse que acredita em perfeição. Explique.
- É a rebeldia que levarei comigo ao túmulo, ou ao vaso. Quando você é criança, te puxam da perfeição e te ensinam o medo. Você ouve berros, apanha, tira dos palavrões que evocou da raiva de seus pais a inspiração pra levar adiante a cultura do ódio. Acredito na perfeição e vou continuar acreditando. Não é algo que pode ser definido em palavras, é simplesmente estar de acordo consigo mesmo e com o mundo ao seu redor. Ainda chego lá.

Uma frase para encerrar a entrevista; um momento que você vive atualmente.
"De companheiros, eu preciso, e vivos - não companheiros mortos e cadáveres que levo comigo aonde quero." Friedrich Wilhelm Nietzsche

sábado, 10 de setembro de 2011

Eu não vou levar a música a sério. Nunca levei, nunca levarei. Eu sou um músico, sabe?

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

- Aí vão os nomes: Dylan, Ernesto e Boca.
- E como fica a sua situação? Não espera que eu passe a mão na sua cabeça apenas pelo fato de ter-vo concedido autoridade líder.
Pensei por alguns segundos, cabisbaixo. Não é bom olhar os coordenadores diretamente a seus olhos, isto é, quando se está pensando. Devoram expressões faciais e logo estão a devorar o cérebro. Quanto à missão, não foram erros tão graves, porém, impediram um desfecho perfeito, objeto desejável por qualquer mercenário.
- Eu fui o organizador da incursão, assumo, mas esta foi apenas caso secundário. O principal objetivo foi verificar potenciais para qualquer alvo posterior e mais sério. Quis aproveitar a oportunidade, pelo senhor concedida, para iniciar meu arsenal de contatos. Espero não ter sido audacioso demais.
- De forma alguma. Começo, inclusive, a reconhecer-vo uma faísca de genuinidade. Mas detalhe, agora, os aguabaixos.
-Certo.
Respirei breve porém profundamente. Resumi:
- Boca sucumbiu à persuasão do anfitrião logo de cara. Ernesto saiu de fininho durante a pressão da oratória. Por fim, Dylan é um sujeito muito violento. Não soube engolir o orgulho e quase esbofeteou um segurança durante a saída.
- Por qual razão?
- Nossa deixa procedeu forçadamente. Os seguranças nos guiavam com leves empurrões, cuja satisfação não havia. Dylan estourou e quase jogou seu punho na cara do grandão. Por sorte, eu estava do seu lado esquerdo, e ele é canhoto. Fiquei atento ao denso humor do compatrício e segurei-lhe o braço na hora exata.
O coordenador Roger fechou seus olhos e computou algo complexo, penso que calculava a diferença entre o que eu já havia dito e o que acabara de informar. Fiquei admirando a sua capacidade mental, sem perder, é claro, meu olhar responsável e presente. Passados alguns segundos, levantou pálpebras e indagou firme:
- Qual o seu grau de responsabilidade em cada falha?
Tomei ar de inocência com seriedade. Sempre me saí muito bem concluindo dessa forma. Apesar de ter certa intimidade com Roger, também funcionava.
- Bem, quanto a Boca, realmente não houve algum. Treinei sua oratória durante três sessões de seis horas cada, uma por dia. Em todas, a introdução se fazia por ressaltar a sua importância na missão, cavando fundo para dizimar sua covardia. Penso que o calor da hora tenha feito-lhe perder um bocado de iniciativa, já que o receptor soltou um blefe moral logo de cara.
Fiz uma breve pausa, a qual Roger logo reconheceu como natural.
- Prossiga.
- Ernesto mostrou-se um bocado preguiçoso durante o treinamento. Os demais recrutas chegavam sempre no horário, e alguns até faziam hora-extra sempre que eu estava disponível. Mas Ernesto...
- O senhor deveria ter acionado o processo extintor.
- Sim, perdão. Eu solicitei a permissão para adicioná-lo à lista, porém o Carrasco disse estar ocupado demais e, creio eu, inventou uma burocracia qualquer como desculpa. Além do mais, decidi não tomar soluções extremas sem a sua autorização, coordenador Roger. Tentei resolver a questão por mim mesmo, mas falhei ao treinar Ernesto. Me perdoe.
- Falarei com o Carrasco sobre o assunto, e também falarei com Boca.
Pestanejei, seguido por uma levíssima pausa de Roger. Ele prosseguiu:
- Acredito que um pouco de contra-violência lhes faça retomar a razão. O senhor está dispensado, Luna II. Apesar deste pequeno erro, vou creditá-lo como líder para a próxima missão, devido a seu grande talento para com o treinamento dos demais. Retorne ao seu escritório e redija o relatório completo para o Mor. Em prol de minha confiança, concederei-vo minha assinatura sem revisar.
- Obrigado coordenador Roger.
Acenei-lhe com a cabeça e saí do quarto. Roger sacou na hora que o Boca foi apenas um curinga, mas preferiu não mencionar a questão comigo, talvez o fizesse posteriormente.
Enquanto voltava para o meu escritório, olhava apercebido para as paredes. Em tons de carmesim, harmonizavam com os grandes lustres horizontais, tão confortante era a luz alaranjada que deles emanava. Não havia, neste belo e curto percurso, forma alguma de evitar as pesadas reflexões sobre tudo que ocorrera nos últimos dez anos. O mundo girou, virou, mudou para um relógio.

Sinceridade?

Não precisa papel pra limpar as merdas que faço.