segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Quando eu acordei em 02/10/2017

Acordei sentindo um nada abissal
Um vazio
Desistência
E uma forte resistência
A fazer qualquer coisa

De todo e qualquer ângulo
Que eu olhasse para o mundo
Estaria derrotado
Em menos
De um segundo

Vontade de qualquer coisa
Era objeto de desejo
Divino
Queria apenas o querer
Sem precisar me mexer

Consegui levantar da cama
Calçar os chinelos
E ligar a luz
Todo o resto foi um retrocesso
Regresso

Lembrei de ontem e de amanhã
E de como o mundo logo acabará
Da maneira como o conhecemos
O vemos
E nele vencíamos

Restará apenas uma distante memória
Sobre como dantes nos víamos
Sabíamos
E podíamos saber
O quê?

Hoje faço um sacrifício
Que já não sei se é necessário
Hilário
Como me flagro
Feito capturado canário

Embora eu continue a cantar
Não sei quanto mais poderei suportar
Dessa vida
Que me mente e convida
Pra morte

De tudo o que eu conheço
E tudo o que um dia já vi
Ao pôr ambos meus pés no chão
De que tinha asas
Esqueci

E sem manutenção e em desuso
Qualquer sonho se torna
Recluso
Daquele que o trouxe à vida
Sonhador de alma exaurida

Sinto como se tudo o que vivo
Não passasse de grande piada
As batalhas que trago comigo
Reles e inúteis
Migalhas

Para alimentar as formigas
Que com não espanto eu dejeto
Que tão organizadas trilham
Para levar alimento até algum
Afeto

Onde se reproduz a rainha
Pra ter mais do que não coleto
Já que sou então um robô
Sanguinário
Por tudo o que decreto

Hoje poderia ser lindo dia
Pois finalmente é minha folga
Mas já vejo a lua lá em cima
E em mim mesmo
Não consegui dar volta

É preciso ter muita coragem
Pra manter os doze em segredo
De me revelar em sua audácia
Cubro-me de ansiedade
E nervos

Mas o meu dia ainda chegará
Seja lá o que isso signifique
Espero realmente acordar
E que o treze
Me dignifique.