É importante esclarecer alguns conceitos de hereditariedade e personalidade cultural, para que não criemos falsos sonhos de utopias evolutivas de mudança.
Primeiramente, consideremos as características genéticas de personalidade do indivíduo, que englobam ambas as personalidades, materna e paterna, visivelmente herdadas e parcialmente imutáveis em relação ao comportamento do indivíduo.
Porém, não podemos confundir hereditariedade com cultura, de modo que a primeira é inevitável e a segunda é de irrefutável importância, no que diz respeito à formação de caráter por parte do indivíduo. A segunda é, no entanto, a tentativa de consolidar a primeira, de modo que esta se encaixe no padrão inconsciente projetado conscientemente pelo indivíduo, pois este se encontra em constante alternância de preferência entre o parecer de si para si – a autonomia - e o parecer social – a personalidade vista pelos outros.
Devemos também compreender porque esta constante alternância é importante para o indivíduo: eis que ela é infinita e, sendo assim, conjuga de modo aceitável a individualidade e a vivência em grupo. E é aí que aparece a questão da hereditariedade de comportamento. No momento em que o indivíduo expressa suas idéias em grupo, torna-se possível observar parte de sua personalidade imutável, através de características, ações e opiniões por parte do mesmo que se apresentam de forma contínua, repetindo-se várias vezes de maneiras parecidas.
Mas, realmente, são dois fatores alternantes. Enquanto a imagem de si para si encontra-se em construção, a imagem de si para outrem, por sua vez, atua de modo contrário, e vice-versa. É isso que controla o homem, para que este não seja perfeito como os animais, as plantas, ou seus respectivos cursos na natureza. Porque talvez com a descoberta do fogo (que acredito ter sido obra do acaso) o homem tenha iniciado uma seqüência evolutiva, que com o passar do tempo tornou a afastá-lo cada vez mais da perfeição, esta que nada mais é que um ciclo, sem começo ou fim. E assim explica-se também a necessidade de buscar respostas ou confortos no desconhecido: pois é desconhecido o modo como o homem descobriu o fogo, e é desconhecido o período em que a razão sobressaiu-se ao instinto, no que refere ao comportamento do homem. E esta necessidade é composta por lacunas instintivas que permanecem na genética do indivíduo, que, por sua vez, é imutável.
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