terça-feira, 2 de setembro de 2014

...7

Desci da van e entrei no bambus.
Estou aqui, sentado, e, há pouco, cavocava, em busca de algo eletrizante para energizar uma razoável poesia.
Nada.
Desisti. Consenti. Decidi escrever este relato.
Acabo de servir meu segundo copo de Heineken, no ponto. Fitando a vagarosidade em que a tênue espuma se dissipa, uma coisa veio à tona: preciso arriscar mais.
Preciso do calor das pessoas mais do que qualquer outra coisa que eu possa encontrar no mundo, e preciso me libertar de meu encosto para recebê-lo. O calor, o sim ou o não.
Seja calor de toque, de fúria ou turbilhão. Seja ele o que for, mas que seja capaz de canção.
Como um dia o fui, e assim o tornarei a ser.
Seja por loucura, ou por inchaço explosivo do ser.
Preciso olhar praquela que me cativa e fazê-la saber de mim.
Eu tenho de ir além daquilo que quer me indeferir.

Tenho sofrido cada noite com minha mente que se expande e engole meu espírito, com minhas razões destrutivas que, disfarçadas de guias, levam-me à ruína.
Não há brilho em meus olhos, exceto para o conforto.
Juro que não sou assim!
O segundo copo terminou, e preciso fumar. Será?
Nunca, de verdade, me perguntei por que só viso à melhora quando há a necessidade de impressionar alguém.
Talvez eu seja chato por não ter segredos comigo mesmo.
Eu quero gostar de mim, então, por que me diminuo tanto?
Talvez o tempo me tenha travado num espetáculo de eterno pranto.
Preciso sair disso, aliar-me, então, ao espaço.
Construir minhas teias apenas para confundir os rastros.
Sou tão efêmero quanto o vento.
Sou água e fogo num visceral acalento.
A Terra é o meu lugar.

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