terça-feira, 2 de setembro de 2014

...6

Sozinho na parada
O frio, a brisa, afligem
Ao mesmo tempo em que acalmam

Aquele coração, que já lento bate
Ele, que em si mesmo se abate
E sofre, em vão

Teria milhares de relíquias prontas
Sob meu colchão
Mas agarro a dor
De longa data amiga
Sempre estende a mão

Mesmo etérea
Sabe-se que, após a derrota
Ela estará ali
Pronta, perfumada
Solitária como lhe convém
Como me convém

Ela nunca me disse um não
Ela nunca me nega carinho
Volta e meia, decora seu ninho
Com as jóias de minha perdição

Ela me tem
Me ganha em jogo, suor, sufoco
Ela me acaricia e satisfaz minha sede
De mim, nada pede

Nada senão minha tranquila companhia
Nada que lhe possa causar nostalgia
Ela me fisga com açucaradas barganhas
Ela me torna um pedaço magro
De banha

Em mim sorri
Ri de meu astuto triunfo
Sobre os ácaros cósmicos, rendidos, relutos
Desponta a cada nova vitória tardia
E ri, diante de minhas falhas
Bonitas

É com ela meu alvorecer
E meus dias quentes
Até o dia em que eu morrer.

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