Donovox acordou.
Sentiu a energia inundá-lo após uma eternidade de sono.
Levantou-se, esticando os braços ao céu enquanto se espreguiçava
prazerosamente. Nunca havia se sentido tão bem.
Nem pudera; era a primeira vez que acordava, talvez soubesse
bem disso. Não houve tempo para questionar por que ou para qual motivo enfim
despertara do seu sono. As lembranças de seus sonhos o atingiram com um
turbilhão de sentimentos. Preenchiam-no tanto quanto esta nova energia,
chamada, ele bem lembrava, de realidade. Um elixir pelo qual ele muito
trabalhou, horas, dias, talvez meses, na penumbra imaginativa que era o surf em
sua mente.
Decidiu interromper os vislumbres do passado e logo agarrou as
rédeas daquela novidade. Vida, pensou, e estremeceu. O que faria¿ Estaria seguro¿
Desde que havia adormecido – se é que já não nascera em um estágio de
sonolência – sonhara com seres como ele. Diziam-se “dos seus”, ele lembrou.
Certa vez em um de seus sonhos, ao falar com uma árvore ela lhe dissera que não
era um dos seus. Ele ficara envergonhado, mas ela apenas sorrira em seu posto.
Agora, estava desperto. Este era o momento pelo qual mais
temia, porém, ansiava. Olhou ao redor e reconheceu o que lembrava ser uma
rocha. Parecia suculenta, então, ele correu até ela. Ou tentou correr. Levantou
para dar o passo de largada, sua perna direita flexionou tão veloz quanto
dobrou-se novamente, trazendo uma sensação de formigamento e logo perda de
controle. Caiu com o joelho direito sob a barriga e viu que logo bateria seu
rosto contra aquilo que lembrava ser chamado de grama, verde e brilhante e
iluminada por algo muito claro que, algumas vezes, em seus sonhos pairava sobre
todos dos seus.
Voltando à queda, pôs suas mãos para frente num instinto de proteger
sua face, mas ao invés de chocar as palmas contra o solo brilhoso, suas mãos
foram engolidas, logo seus cotovelos, braços e, por fim, sua cara.
Donovox caía.
Nenhum comentário:
Postar um comentário