segunda-feira, 20 de junho de 2016

Strange Phenomena



Engraçado. Pensar em coisas que podem estar acontecendo, sem qualquer pretensão de realidade.
É engraçado pensar que, em algum lugar aleatório da cidade, alguém cogita a idéia de confessar seu amor, àquela pessoa que faz seus nervos aflorarem, feito pequenos vulcões hesitantes, a cada segundo.
Cômico, aquele sujeito, nalgum lugar do bairro que, para fugir do tédio, pegou um restinho de álcool e despejou num pano, agora polindo seu revólver, como um atleta olímpico pole uma velha e simbólica medalha.
Nalguma árvore dos arredores do bairro, um passarinho está prestes a dar o pulo de sua vida: aprender ou morrer.
Numa casa qualquer aqui na rua, um casal enfadonho está vivendo uma das transas mais sem graça de suas vidas.
Nos telhados da vizinha, quem sabe, há um gato castrado à procura de um par, só para descobrir que, muito provavelmente, não haverá qualquer conquista. Ou talvez esteja apenas exercendo seu posto de rei da colina, afastando outros machos betas.
Acima do forro que cobre algum teto, um imenso viveiro de cupins abusa da falta de predadores locais para procriar e devorar a madeira, deixando um excesso de dejetos pelo caminho.
É hilário – talvez não tanto – que, no jardim, as formigas tenham atualizado sua rota apenas pela nova presença do cheiro que habita os lixos da cozinha, as cascas de frutas no aterro de adubo, ou a semente de butiá que, feito milagre, caiu da árvore, totalmente deslocada de época.
Na Europa, algumas moças tentam se adequar à nova rotina de se entregar para homens que sequer conhecem, pois esta é a forma mais segura de se manterem vivas.
Há talvez algum alienígena que saiba tudo o que se passa dentro de nossas cabeças, emitindo sinfonias alternadas como seu melhor passatempo voyeur.
Ali, num bueiro qualquer, baratas dormem tranquilamente.
E lá, bem longe daquilo que a região nos permite conhecer, uma família desconhecida pratica um ritual de paz, entoando cânticos coordenados sem a necessidade de um líder.

We raise our hats
To the strange
Phenomena.

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