Queria alguém pra dizer
Aquilo que ninguém quer
ouvir.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
...11
Talvez o que assuste em mim é essa minha obsessão de entrar na vida
das pessoas quando sinto que elas têm algo, alguma coisa que valha a
pena descobrir.
Normalmente pessoas assim são temíveis de descoberta. Assim também eu deveria ser.
Poderia harmonizar e mediar minha ânsia frente ao desvendar das maravilhas de cada um, porém, lá no fundo, martela a sensação de que só se vive uma vez (teoricamente), e isso em nada ameniza a minha fome de alma.
Ou são as intenções.
Segundas, terceiras, quartas, milésimas...
Tão chato seria ter apenas uma.
Normalmente pessoas assim são temíveis de descoberta. Assim também eu deveria ser.
Poderia harmonizar e mediar minha ânsia frente ao desvendar das maravilhas de cada um, porém, lá no fundo, martela a sensação de que só se vive uma vez (teoricamente), e isso em nada ameniza a minha fome de alma.
Ou são as intenções.
Segundas, terceiras, quartas, milésimas...
Tão chato seria ter apenas uma.
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
Caixas
Quando paro pra pensar sobre as caixas
Eu me sinto um tanto, um quanto nanico
Bem, de fato são mais confortáveis
Do que aqueles flatulentos, viscosos penicos
Caixas são de mais variados tamanhos
Cores, aromas e objetos: nunca estou só
Dentro delas, sempre sou uma outra pessoa
Muitas vezes, misto de tralha, mofo e pó
Pra cada caixa houve um momento chave
Em que a chave em si foi que me libertou
Quando pensava ser livre, eu era a borda
E a borda era só um sonho que se calou
Mas não tem problema! Ó, donas caixas
Cada qual, um pedaço do que houve em mim
Algumas somando o que sou por inteiro
E de todas eu logo soube que seria assim
De tristeza e lágrima tem as caixas d'água
A madeira molha e logo nada há de ficar
Vem a terra, um dia, e forra alguma caixa
Dá ao broto a força pra a tampa quebrar
De maluco e beleza vem o vento e sopra
Tira o pó, mas é passageiro feito a idéia
Faz as caixas evoé, vão se embaralhando
E às vezes isso me dá uma tremenda diarréia
Sei bem é que um dia eu vou ter tanta caixa
Que nem vou sequer é ter coisa tanta pra guardar
Rezo pra que eu não fique em caixa aí pelos cantos
Logo agora que estou aprendendo a me virar
Se tu tem aí contigo uma caixa, e eu tô dentro
Faz logo o favor de me dar um pouco de ar!
Eu me sinto um tanto, um quanto nanico
Bem, de fato são mais confortáveis
Do que aqueles flatulentos, viscosos penicos
Caixas são de mais variados tamanhos
Cores, aromas e objetos: nunca estou só
Dentro delas, sempre sou uma outra pessoa
Muitas vezes, misto de tralha, mofo e pó
Pra cada caixa houve um momento chave
Em que a chave em si foi que me libertou
Quando pensava ser livre, eu era a borda
E a borda era só um sonho que se calou
Mas não tem problema! Ó, donas caixas
Cada qual, um pedaço do que houve em mim
Algumas somando o que sou por inteiro
E de todas eu logo soube que seria assim
De tristeza e lágrima tem as caixas d'água
A madeira molha e logo nada há de ficar
Vem a terra, um dia, e forra alguma caixa
Dá ao broto a força pra a tampa quebrar
De maluco e beleza vem o vento e sopra
Tira o pó, mas é passageiro feito a idéia
Faz as caixas evoé, vão se embaralhando
E às vezes isso me dá uma tremenda diarréia
Sei bem é que um dia eu vou ter tanta caixa
Que nem vou sequer é ter coisa tanta pra guardar
Rezo pra que eu não fique em caixa aí pelos cantos
Logo agora que estou aprendendo a me virar
Se tu tem aí contigo uma caixa, e eu tô dentro
Faz logo o favor de me dar um pouco de ar!
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
terça-feira, 4 de novembro de 2014
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
THE BOX
When your biggest dream
Turns out to be
Your worst nightmare...
...Will your worst nightmare
Turn out to be
bigger than your fear?
Turns out to be
Your worst nightmare...
...Will your worst nightmare
Turn out to be
bigger than your fear?
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
O verdadeiro amor.
O verdadeiro amor é aquele que não mede distância.
Ri na cara do tempo, molda qualquer circunstância.
Verdadeiro, o amor que flui além vida, além morte.
Que estala o peito por dentro. É nostalgia — e sorte.
Ri na cara do tempo, molda qualquer circunstância.
Verdadeiro, o amor que flui além vida, além morte.
Que estala o peito por dentro. É nostalgia — e sorte.
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
hope-nope-dope
[voice 1 - narrates impartial philosophy]
you have the right to follow
you have the pain of sorrow
can you embrace your love
climb up the skies above
exist, the sins of preachers
goes by, the time of teachers
to every burning lamp
there was a genie sent
[voice 2 - denies first voice with a rebel argument]
there's just an empty hollow
after every tomorrow
for the one puzzle solved
three more you will unfold
a world of blood and leeches
alleys with pimps and bitches
if you desire the ramp
you'll have to smash a friend
[voice 3 - yells it with authority crazy hitler german accent tone]
do that!!
judas!!
geist!!
christ!!
[main]
inside a mortal man
lies a shinny god
and a deadly beast
you have the right to follow
you have the pain of sorrow
can you embrace your love
climb up the skies above
exist, the sins of preachers
goes by, the time of teachers
to every burning lamp
there was a genie sent
[voice 2 - denies first voice with a rebel argument]
there's just an empty hollow
after every tomorrow
for the one puzzle solved
three more you will unfold
a world of blood and leeches
alleys with pimps and bitches
if you desire the ramp
you'll have to smash a friend
[voice 3 - yells it with authority crazy hitler german accent tone]
do that!!
judas!!
geist!!
christ!!
[main]
inside a mortal man
lies a shinny god
and a deadly beast
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
Lampião
A mente projeta delírios, submersa em razões, é colírio aos olhos do onírico. Lagos razos e lisos, fantasmas concisos, profundezas que arrasam o tato que jaz, no máximo, reflexo de um esboço fugaz.
O corpo dispende-se da realidade, enquanto caminha, sem tatear o passo, ao passo que a mente mente à realidade o que o corpo transforma e transtorna em compasso.
O espírito é a projeção da glória pretensa, que diluído condensa sentimentos breves. A chama que emana, infame, indelével, profana os caminhos do lobo da estepe. Faz-lhe uivar lânguido, e rouba oxigênio.
Fantasia, ansiedade, pretensão.
De que adianta ser gênio, então?
O corpo dispende-se da realidade, enquanto caminha, sem tatear o passo, ao passo que a mente mente à realidade o que o corpo transforma e transtorna em compasso.
O espírito é a projeção da glória pretensa, que diluído condensa sentimentos breves. A chama que emana, infame, indelével, profana os caminhos do lobo da estepe. Faz-lhe uivar lânguido, e rouba oxigênio.
Fantasia, ansiedade, pretensão.
De que adianta ser gênio, então?
terça-feira, 30 de setembro de 2014
domingo, 21 de setembro de 2014
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
Iscas
Pessoas que jogam iscas
pra fisgar
meu
puro
sentimento
Só lhes cabe o amor à visão
de meu fôlego
se esvaecendo
Deveriam, em contraponto,
tratar-me
com
par
sinceridade
Apenas concluo que não
merecem um pingo
de lealdade
pra fisgar
meu
puro
sentimento
Só lhes cabe o amor à visão
de meu fôlego
se esvaecendo
Deveriam, em contraponto,
tratar-me
com
par
sinceridade
Apenas concluo que não
merecem um pingo
de lealdade
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
...∞
ai tropeçouei naolgum muro dai, cai mas dai mealevantei e tipo assim quando ve kaboosh sumiri no orizonte dai quando ve e tals um arcoirinis brilhado cas sete corens mirrou se atropelou, dai balbuciou alguma coisa de dentro de os baú daí naquele monento, alguma coisa, aconteceu e um sabio maga feiticeira genio da lampada ? dai os negocios que tava no bagulho perto do treco parecido com o troço ali do esquema ali pelo lance da tramóia tipo assim DO BARALHO ta ligado e. dai as word wauld heb se mixaram reproduzindo um som DO BARULHO e além, do que talvez poderia ser césar cégo um cyclope marujo que pesava muito e afundava o navio. enfim. dai os cara ficar a pele desenrugda e ai duma mulé i um morenu pois, gradativamente a gravidade estava grávida e fazia coisas que até deus umvida. penso que sinto que isento de aumento num guento aos aestresse mas desce e padece algum pede moleque tem troco? Beleza dai, faziam varios temporadas que naqueel cricket puvala um louca-deus azule.
QUE BÚLE"=/>
----!>
QUE BÚLE"=/>
----!>
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
Overloaded
Overloaded.
Day after day,
dreams I carry heavier than me, molded.
Just like
bills, with increasing taxes... Like overdose of something so good that you
just can’t avoid diving into, on and on, again, and again.
I am a tiny
project of myself. It grabs me from all sides I can’t even imagine, tires me on
the outside, and sets me vicious within.
Can’t deny it
hurts. It hurts a fucking lot.
Hurts to be
so awfully placed inside an ill silhouette, therefore its illness is the cause
of all glory yet to come.
Like a bent
bow being flexed though the arrow aims the looking glass.
A spear at
the route of sharpness. To pierce the old compass.
Oh, boy, it is sharp. I can easily smell the
starving tip.
It’s edging
clasps, it’s hunger.
Gets stronger
as it rests.
I am a bomb
without the wick. I wait for the proper climate.
I will
explode just before I condense to winter.
It will be shutting boring angels with a neverending dosen of the most pure funky hell.
Whenever I'm able thru the hole, I'll surely kick
my butt outta this spirit cell.
And, even
though I have to re-sign their terms, my seeds will always resign their turns.
Naturally,
I was born on a distant land –
The fire, quest
set sail as the very dance of my blood. Ship.
The air is
that which will judge, beyond and before. Sails.
And the
steel is eternity dressing my future. Swords.
Mission: Unload.
Codename: Reload.
terça-feira, 2 de setembro de 2014
...7
Desci da van e entrei no bambus.
Estou aqui, sentado, e, há pouco, cavocava, em busca de algo eletrizante para energizar uma razoável poesia.
Nada.
Desisti. Consenti. Decidi escrever este relato.
Acabo de servir meu segundo copo de Heineken, no ponto. Fitando a vagarosidade em que a tênue espuma se dissipa, uma coisa veio à tona: preciso arriscar mais.
Preciso do calor das pessoas mais do que qualquer outra coisa que eu possa encontrar no mundo, e preciso me libertar de meu encosto para recebê-lo. O calor, o sim ou o não.
Seja calor de toque, de fúria ou turbilhão. Seja ele o que for, mas que seja capaz de canção.
Como um dia o fui, e assim o tornarei a ser.
Seja por loucura, ou por inchaço explosivo do ser.
Preciso olhar praquela que me cativa e fazê-la saber de mim.
Eu tenho de ir além daquilo que quer me indeferir.
Tenho sofrido cada noite com minha mente que se expande e engole meu espírito, com minhas razões destrutivas que, disfarçadas de guias, levam-me à ruína.
Não há brilho em meus olhos, exceto para o conforto.
Juro que não sou assim!
O segundo copo terminou, e preciso fumar. Será?
Nunca, de verdade, me perguntei por que só viso à melhora quando há a necessidade de impressionar alguém.
Talvez eu seja chato por não ter segredos comigo mesmo.
Eu quero gostar de mim, então, por que me diminuo tanto?
Talvez o tempo me tenha travado num espetáculo de eterno pranto.
Preciso sair disso, aliar-me, então, ao espaço.
Construir minhas teias apenas para confundir os rastros.
Sou tão efêmero quanto o vento.
Sou água e fogo num visceral acalento.
A Terra é o meu lugar.
Estou aqui, sentado, e, há pouco, cavocava, em busca de algo eletrizante para energizar uma razoável poesia.
Nada.
Desisti. Consenti. Decidi escrever este relato.
Acabo de servir meu segundo copo de Heineken, no ponto. Fitando a vagarosidade em que a tênue espuma se dissipa, uma coisa veio à tona: preciso arriscar mais.
Preciso do calor das pessoas mais do que qualquer outra coisa que eu possa encontrar no mundo, e preciso me libertar de meu encosto para recebê-lo. O calor, o sim ou o não.
Seja calor de toque, de fúria ou turbilhão. Seja ele o que for, mas que seja capaz de canção.
Como um dia o fui, e assim o tornarei a ser.
Seja por loucura, ou por inchaço explosivo do ser.
Preciso olhar praquela que me cativa e fazê-la saber de mim.
Eu tenho de ir além daquilo que quer me indeferir.
Tenho sofrido cada noite com minha mente que se expande e engole meu espírito, com minhas razões destrutivas que, disfarçadas de guias, levam-me à ruína.
Não há brilho em meus olhos, exceto para o conforto.
Juro que não sou assim!
O segundo copo terminou, e preciso fumar. Será?
Nunca, de verdade, me perguntei por que só viso à melhora quando há a necessidade de impressionar alguém.
Talvez eu seja chato por não ter segredos comigo mesmo.
Eu quero gostar de mim, então, por que me diminuo tanto?
Talvez o tempo me tenha travado num espetáculo de eterno pranto.
Preciso sair disso, aliar-me, então, ao espaço.
Construir minhas teias apenas para confundir os rastros.
Sou tão efêmero quanto o vento.
Sou água e fogo num visceral acalento.
A Terra é o meu lugar.
...6
Sozinho na parada
O frio, a brisa, afligem
Ao mesmo tempo em que acalmam
Aquele coração, que já lento bate
Ele, que em si mesmo se abate
E sofre, em vão
Teria milhares de relíquias prontas
Sob meu colchão
Mas agarro a dor
De longa data amiga
Sempre estende a mão
Mesmo etérea
Sabe-se que, após a derrota
Ela estará ali
Pronta, perfumada
Solitária como lhe convém
Como me convém
Ela nunca me disse um não
Ela nunca me nega carinho
Volta e meia, decora seu ninho
Com as jóias de minha perdição
Ela me tem
Me ganha em jogo, suor, sufoco
Ela me acaricia e satisfaz minha sede
De mim, nada pede
Nada senão minha tranquila companhia
Nada que lhe possa causar nostalgia
Ela me fisga com açucaradas barganhas
Ela me torna um pedaço magro
De banha
Em mim sorri
Ri de meu astuto triunfo
Sobre os ácaros cósmicos, rendidos, relutos
Desponta a cada nova vitória tardia
E ri, diante de minhas falhas
Bonitas
É com ela meu alvorecer
E meus dias quentes
Até o dia em que eu morrer.
O frio, a brisa, afligem
Ao mesmo tempo em que acalmam
Aquele coração, que já lento bate
Ele, que em si mesmo se abate
E sofre, em vão
Teria milhares de relíquias prontas
Sob meu colchão
Mas agarro a dor
De longa data amiga
Sempre estende a mão
Mesmo etérea
Sabe-se que, após a derrota
Ela estará ali
Pronta, perfumada
Solitária como lhe convém
Como me convém
Ela nunca me disse um não
Ela nunca me nega carinho
Volta e meia, decora seu ninho
Com as jóias de minha perdição
Ela me tem
Me ganha em jogo, suor, sufoco
Ela me acaricia e satisfaz minha sede
De mim, nada pede
Nada senão minha tranquila companhia
Nada que lhe possa causar nostalgia
Ela me fisga com açucaradas barganhas
Ela me torna um pedaço magro
De banha
Em mim sorri
Ri de meu astuto triunfo
Sobre os ácaros cósmicos, rendidos, relutos
Desponta a cada nova vitória tardia
E ri, diante de minhas falhas
Bonitas
É com ela meu alvorecer
E meus dias quentes
Até o dia em que eu morrer.
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Donovox I
Donovox acordou.
Sentiu a energia inundá-lo após uma eternidade de sono.
Levantou-se, esticando os braços ao céu enquanto se espreguiçava
prazerosamente. Nunca havia se sentido tão bem.
Nem pudera; era a primeira vez que acordava, talvez soubesse
bem disso. Não houve tempo para questionar por que ou para qual motivo enfim
despertara do seu sono. As lembranças de seus sonhos o atingiram com um
turbilhão de sentimentos. Preenchiam-no tanto quanto esta nova energia,
chamada, ele bem lembrava, de realidade. Um elixir pelo qual ele muito
trabalhou, horas, dias, talvez meses, na penumbra imaginativa que era o surf em
sua mente.
Decidiu interromper os vislumbres do passado e logo agarrou as
rédeas daquela novidade. Vida, pensou, e estremeceu. O que faria¿ Estaria seguro¿
Desde que havia adormecido – se é que já não nascera em um estágio de
sonolência – sonhara com seres como ele. Diziam-se “dos seus”, ele lembrou.
Certa vez em um de seus sonhos, ao falar com uma árvore ela lhe dissera que não
era um dos seus. Ele ficara envergonhado, mas ela apenas sorrira em seu posto.
Agora, estava desperto. Este era o momento pelo qual mais
temia, porém, ansiava. Olhou ao redor e reconheceu o que lembrava ser uma
rocha. Parecia suculenta, então, ele correu até ela. Ou tentou correr. Levantou
para dar o passo de largada, sua perna direita flexionou tão veloz quanto
dobrou-se novamente, trazendo uma sensação de formigamento e logo perda de
controle. Caiu com o joelho direito sob a barriga e viu que logo bateria seu
rosto contra aquilo que lembrava ser chamado de grama, verde e brilhante e
iluminada por algo muito claro que, algumas vezes, em seus sonhos pairava sobre
todos dos seus.
Voltando à queda, pôs suas mãos para frente num instinto de proteger
sua face, mas ao invés de chocar as palmas contra o solo brilhoso, suas mãos
foram engolidas, logo seus cotovelos, braços e, por fim, sua cara.
Donovox caía.
terça-feira, 12 de agosto de 2014
De gato, sapato e uivo.
Cansei dessas pobres gatunas
Me sorrindo, enfiando holofotes!
Me olhando, feito eu fosse espelho
Pra maquiar suas caretas torpes!
Tenho nojo dessas oriundas
Elogio seria chamá-las putas!
Gatinhas, ronronando, miando
Dou carinho, elas bicam — e se mandam!
Eu que me achava por felino
Dou vazão agora a meus caninos!
A fúria tornou a ser meu brado
E estou imune a miaus fiados!
Pois a alma de gato escarlate
Ora Deus! Que porra, que baque!
Era apenas um grande ultraje
Disfarçando soturnos enlaces!
Sou lobo, solitário e faminto
Sou só, tão sozinho! — Não minto.
Mas não torno a matar minha fome
Roendo tripas corruptas e podres!
Me sorrindo, enfiando holofotes!
Me olhando, feito eu fosse espelho
Pra maquiar suas caretas torpes!
Tenho nojo dessas oriundas
Elogio seria chamá-las putas!
Gatinhas, ronronando, miando
Dou carinho, elas bicam — e se mandam!
Eu que me achava por felino
Dou vazão agora a meus caninos!
A fúria tornou a ser meu brado
E estou imune a miaus fiados!
Pois a alma de gato escarlate
Ora Deus! Que porra, que baque!
Era apenas um grande ultraje
Disfarçando soturnos enlaces!
Sou lobo, solitário e faminto
Sou só, tão sozinho! — Não minto.
Mas não torno a matar minha fome
Roendo tripas corruptas e podres!
quinta-feira, 31 de julho de 2014
segunda-feira, 28 de julho de 2014
Incredible String Band's 'Painted Chariot' pre-amendment (lyrics)
There comes the painted chariot
Doesn't matter if there's sun, snow or rain
A ride to your late desire
Though you know it won't stop far nor never again
Will you drop out all your gains
So your soul devours the race
And all luggage you'd love to bring in becomes sand?
Doesn't matter if there's sun, snow or rain
A ride to your late desire
Though you know it won't stop far nor never again
Will you drop out all your gains
So your soul devours the race
And all luggage you'd love to bring in becomes sand?
Genki Dama
Liguei pra ela e pulei da cama!
Liberei meu KI numa violenta chama!!!
VOEI BEM ALTO COM MINHA GENKI DAMA E—
Porra! -.-
Ela tá de sunglasses...
Liberei meu KI numa violenta chama!!!
VOEI BEM ALTO COM MINHA GENKI DAMA E—
Porra! -.-
Ela tá de sunglasses...
sábado, 26 de julho de 2014
Eu temos.
Eu tenho medo qe ela me desencontre
no dia em qe ela me encontrar
Tenho medo dos pesadelo dela
qando um dia comigo ela sonhar
Eu tenho medo qe ela me perca
naqele dia em qe ela me ganhar
Tenho medo também de perdê-la
praqele beijo qe ela me beijar
Eu temo muito assim qe ela descubra
não sê-la aqilo qe finjo rimar
Eu tremo em temor de pavor de pavão
qe ela sinta meu sol a ensolarar
A única coragem qe me resta mora
na covardia de nunca morar
no dia em qe ela me encontrar
Tenho medo dos pesadelo dela
qando um dia comigo ela sonhar
Eu tenho medo qe ela me perca
naqele dia em qe ela me ganhar
Tenho medo também de perdê-la
praqele beijo qe ela me beijar
Eu temo muito assim qe ela descubra
não sê-la aqilo qe finjo rimar
Eu tremo em temor de pavor de pavão
qe ela sinta meu sol a ensolarar
A única coragem qe me resta mora
na covardia de nunca morar
como como ca tia
me alegra ver
poesias
mas nenhum eu como
como ca tia
no onibus com pressa devoro
kritico lamento choro
no tubo seqer dão as caras
coroas animais extintos
tintos
nos sarau nunca tenho tempo
eu lembro rekordo imagino
eu moo eu voo eu soo
eu como não como como ca tia
nas web mal vejo das minhas
mas escrevo releio reinvento
deleto deslogo
relogo
porqe logo
me
deito
me alegra ver poesias
me alegra ver poesias
mas nenhum eu como como ca tia
porqe dela nem
sabes ca tia
como
eu como e
como
como és comida :)
Ser 9
Cem dela não vivem
min!
Átalda Ka, qe
Tem brotinhos de qe
não morrem Kdáverdades
Imóvel ou carro
viro, de rolimã ou
Até qe engolido por
hot dog wheels ela
me salva?
Se dez vivessem,
ainda não cabia
Estatuetas,
Estádios Estatísticos,..
Roendo as unhas
roídas :Strellas:?
um bucadim.
Nem uma só, tão
pouco, seria!
Ou então, Cereia,
mas sim me hipnotizava...
Via duas, kuatro,
setenta, vias tantas!
E então ca tias,
Ser Nó vivia?!!
quinta-feira, 24 de julho de 2014
A Man, Pitiful on Himself (review one)
Maybe you're feeling bad
You'd even risk to call it sad
It's like sinking on an endless well
Something so painful
But suddenly even worse
It's a man pitiful on himself
((
You are feeling down
Your spirit shelved in a frown
There's a dark hole within you
Afraid of the looking glass
With it's painting a harass
That man pitiful on himself
))
He's too much understainding
But noone to share a hug
Simply no one of trust
And though people tell him ok
They surely won't join a party
Of crying clowns
The smallest problem seems to kill
The biggest reason gives no thrill
No challenge ahead
And this man will keep bleeding
Wasting its life and giving
Away his time, his space
For there's no hope for passion
He just didn't learn to measure
His feelings for anyone
You might be feeling bad
And probably very sad
Well I know how it feels
Quite well
There's nothing more painful
Nothing worse
Than a man
Pitiful on himself
((
immersed in delusions
incomprehensible fusions of memories
he cannot discard
))
((
truly an expert on daydreamin'
always so far above the ceiling
that the flight lost itself on you
))
((
all that women that swore their love to you
well surely they don't remember you
not even when they shit
))
((
so desperate for human contact
but lacking the proper react
coz you know there's no intact goodbye
))
|[
When this man turns out to be
Nobody else but me
I'm only pitiful on myself
]|
You'd even risk to call it sad
It's like sinking on an endless well
Something so painful
But suddenly even worse
It's a man pitiful on himself
((
You are feeling down
Your spirit shelved in a frown
There's a dark hole within you
Afraid of the looking glass
With it's painting a harass
That man pitiful on himself
))
He's too much understainding
But noone to share a hug
Simply no one of trust
And though people tell him ok
They surely won't join a party
Of crying clowns
The smallest problem seems to kill
The biggest reason gives no thrill
No challenge ahead
And this man will keep bleeding
Wasting its life and giving
Away his time, his space
For there's no hope for passion
He just didn't learn to measure
His feelings for anyone
You might be feeling bad
And probably very sad
Well I know how it feels
Quite well
There's nothing more painful
Nothing worse
Than a man
Pitiful on himself
((
immersed in delusions
incomprehensible fusions of memories
he cannot discard
))
((
truly an expert on daydreamin'
always so far above the ceiling
that the flight lost itself on you
))
((
all that women that swore their love to you
well surely they don't remember you
not even when they shit
))
((
so desperate for human contact
but lacking the proper react
coz you know there's no intact goodbye
))
|[
When this man turns out to be
Nobody else but me
I'm only pitiful on myself
]|
sábado, 14 de junho de 2014
quinta-feira, 8 de maio de 2014
A moça que foi em paz. II
Enfim
Pintada a alma
A mão cansada
Grisalha de giz
Assim
Deixava o corpo
Jazido no sopro
Que nutre a raíz
Já não pesavam-lhe
Nem tudo, nem todos
Então
Talvez o arbusto
Seria mais justo
Final de repouso
Senão
Seria uma linha
Que enxuta desfia
Do furo de um bolso
Deixou-se apenas
Ir.
Sequer
Sentia que valia
A bagagem tardia
Em seu coração
Qualquer —
O seu nome agora
Ou seria aurora?
Talvez, solidão
Já não deviam-lhe
Nem nada, nem ninguém
Alguém
Deixou de existir
Mas sem exaurir
É simples mistério
Também
Pôde viver vida
Senhora florida
Dona cemitério
A moça apenas
Ia.
Porém
Ficou o encanto
Gélido, no entanto
Porque era dor
Amém
Disse quem ficou
Pois quando voou
Caiu dela o amor
Já não faziam-lhe
Nem tempo, nem espaço
Enfim
Lavada a alma
A mão deitada —
Agora era giz
Assim
Deixou o sopro
Levá-la do corpo —
Cruzou a matriz
Tornou-se apenas
Ida.
Pintada a alma
A mão cansada
Grisalha de giz
Assim
Deixava o corpo
Jazido no sopro
Que nutre a raíz
Já não pesavam-lhe
Nem tudo, nem todos
Então
Talvez o arbusto
Seria mais justo
Final de repouso
Senão
Seria uma linha
Que enxuta desfia
Do furo de um bolso
Deixou-se apenas
Ir.
Sequer
Sentia que valia
A bagagem tardia
Em seu coração
Qualquer —
O seu nome agora
Ou seria aurora?
Talvez, solidão
Já não deviam-lhe
Nem nada, nem ninguém
Alguém
Deixou de existir
Mas sem exaurir
É simples mistério
Também
Pôde viver vida
Senhora florida
Dona cemitério
A moça apenas
Ia.
Porém
Ficou o encanto
Gélido, no entanto
Porque era dor
Amém
Disse quem ficou
Pois quando voou
Caiu dela o amor
Já não faziam-lhe
Nem tempo, nem espaço
Enfim
Lavada a alma
A mão deitada —
Agora era giz
Assim
Deixou o sopro
Levá-la do corpo —
Cruzou a matriz
Tornou-se apenas
Ida.
quarta-feira, 23 de abril de 2014
Lonewolf...
Lonewolf
Where are you headed to?
Don't answer me
Don't answer me
I'll watch
Your every step
Until you melt
Into the horizon
Where are you headed to?
Don't answer me
Don't answer me
I'll watch
Your every step
Until you melt
Into the horizon
quinta-feira, 17 de abril de 2014
quarta-feira, 16 de abril de 2014
A e D
Este texto é dedicado às Natalias A e D.
(se sabe-se não identifique-sô)
RASGA as tuas vísceras com elegância DEVASTADORA
COSPE neste papel que te alucina feito a ELEONORA
faz da tua vida UM BELO BORBULENTO DE JARDIM
POIS O MELHOR DA VIDA é saber ser meio assim...
SEM NADA de se levar, elevar ou INCORPORAR
QUEM SABE um tudo haver, mais difícil SE PÁ
pois o que realmente importa NÃO É O TAMANHO DA TORTA
MAS SIM O SABOR que vem dos hortifruti da tua horta...
Obrigado pela atenção.
Amo ocês, caras A e D.
(se sabe-se não identifique-sô)
RASGA as tuas vísceras com elegância DEVASTADORA
COSPE neste papel que te alucina feito a ELEONORA
faz da tua vida UM BELO BORBULENTO DE JARDIM
POIS O MELHOR DA VIDA é saber ser meio assim...
SEM NADA de se levar, elevar ou INCORPORAR
QUEM SABE um tudo haver, mais difícil SE PÁ
pois o que realmente importa NÃO É O TAMANHO DA TORTA
MAS SIM O SABOR que vem dos hortifruti da tua horta...
Obrigado pela atenção.
Amo ocês, caras A e D.
sábado, 12 de abril de 2014
[maybee..i'm-an-ant!]
maybee..i'm-an-ant!
photoshoot at new cages
of silent surroundance
being born
quick
but
smooth
from a moonlit stare
into the illusionary sunlight
of each daily
passing-by
expendable
glimpse
of
eternity.
Loc Doc - Construção
- Bom dia, doutor.
- Olá. Tudo bem?
- Mais ou menos.
- Sente-se, por favor.
- …
- Então, o que há?
- Sinto um vazio, um pedaço que me falta.
- Divague.
- …
- …
- Como se eu estivesse aqui, mas não estivesse, entende?
- Hum. Sim, sim. É. Isso é comum. Todos nós sentimos falta de algo, mesmo não sabendo do que se trata. Não acha?
- É, eu sei. Mas é muito forte, sinto um aperto que me mata lentamente, não sei o que fazer.
- Uma espécie de solidão, presumo?
- Exato. Me sinto só. Caminho e o tempo passa lentamente, embora, de fato, eu não o perceba, sinto o tempo como uma sombra, só que, ao invés de me seguir, ele fica na minha frente e me atrapalha.
- …
- …
- Bem. Isso resulta de uma ansiedade decorrente. Com qual freqüência olhas o relógio?
- Quase nunca. E também nunca sei em que dia estamos. Que dia é hoje?
- Sexta-feira.
- Ah, sim sim! É, então… O que o senhor acha disso?
- É um caso um tanto incomum [aqui começo a estudar o doutor] esse seu. O sintoma base da ansiedade é a preocupação extrema com o passar das horas. Já no seu caso, disse que não se preocupa com isso. [ele tenta me fisgar enaltecendo meu ego com o elogio da raridade]
- … [apenas aguardo, em desafio]
- … [ele me olha, inabalado. está acostumado com isso, afinal]
- …
- Vamos tomar um drink?
- Hã? [essa é nova. nunca pensei que isso pudesse acontecer em meio a uma terapia]
- Um drink nos fará bem. Será mais fácil falar sobre qualquer coisa, e quero te acompanhar pra que não fique essa coisa de formalidade entre nós.
- Bem, eu não esperava por isso. Mas sim, aceito um drink. Bem grande.
- Tudo bem, só não vamos exagerar. Vou tomar a mesma quantidade que você, mas, embora seja o último paciente, depois daqui tenho ainda minha família para me receber.
- Certo.
- …
- …
- …
- Ah, por favor, preciso de mais que isso. Encha até o topo.
- Tudo bem.
- …
- …
- … [e encheu mesmo. haha, ao menos vou fazer ele chegar no brilho em casa]
- Bem, tomemos então um gole inicial, em brinde à eterna solidão do vampiro. [ainda por cima faz graça de meu problema. enfim]
- Er, ok, à eterna solidão do vampiro.
- … [tin]
- … [tin]
- Adoro rum. Embora seja destilado, não desce tão cretino [jesus, já suburbiou o vocabulário?!] quanto vodca, cachaça ou uísque vagabundo. Paga-se um pouco mais, mas vale a pena.
- Sim, sim. [e eu pagando cem reais por essa maldita consulta de uma hora. ao menos vou sair daqui tilintando]
- Bem, então, rapaz. Está se sentindo sozinho agora?
- Bom, doutor, pra falar a verdade não. Estou até gostando [e absurdamente curioso quanto a onde isso vai chegar] do clima, mas, sabe, vim aqui com um propósito.
- Sei, é claro. Eu apenas percebi que o senhor é um rapaz família, amigável e, embora muito quieto e introspectivo, consegue manter um diálogo enquanto muito atento a qualquer ruído, de qualquer dos lados. Mas há aí um pequeno problema.
- Sim? [já senti o brilho do velho Montilla. esse rum é uma pancada decisiva. espero não perder o fio da meada]
- Bem, er, como posso colocar isso, vejamos, hum… [o doutorzito também sentiu a pancada]
- …
- O que acontece é que, meu rapaz, estás depositando muita expectativa quanto ao que os outros pensam. Tanta expectativa, que o que assimilas sobre isso é dez vezes maior do que o que realmente é. Vejamos, como posso eh-… [aqui ele soltou um soluço. já estávamos quase ao fim do primeiro copo] explicar…
- Diga. [comecei a ficar meramente nervoso e, ao mesmo tempo, juro, sem qualquer conotação sexual, excitado. ele adentrara o âmago da questão com o encanto de um mago, embora eu ainda não confiasse nem um pouco nele. além do mais, a duração desse pensamento denota o quão bêbado vou ficar daqui em diante]
- Bem. Vou tentar dar um exemplo.
- …
- Quando você conversa com alguém, sempre há uma sensação de nervosismo, não? Uma dificuldade em estabelecer intimidade, um recesso de confiança, salvo por muito poucas pessoas que você já conhece há tempos. Estou errado? [tive que pensar um pouco pra responder isso]
- Hum… Não, doutor, não está. É isso mesmo que acontece. Eu fico muito nervoso quando converso com as pessoas, sinto como se isso não fosse trazer qualquer diferença ao mundo, e também a elas, e então vou desistindo de falar, quando vejo que não vai resultar em nada.
- Pois bem. Aí já encontro um excesso de expectativa. Está esperando demais do ouvinte, e de menos de ti. É um efeito retardado [retardado? bom, devemos estar bem bêbados e, por que não, “íntimos” mesmo] que se alastra no seu cotidiano. Isso intensifica o sentimento de desistência perante as pessoas e, como você sabe, nós, seres humanos, por mais que tentemos negar, estamos sujeitos, até inconscientemente, a generalizar sensações. No seu caso, a sensação generalizada foi a desistência e, o objeto dessa desistência, a interação com os outros indivíduos.
- …
- Então, por mais que tu converses com as pessoas, que saiba do que elas gostam ou não gostam, o que desperta sensações nelas, o que deves ou não dizer a elas é o que mais importa, e não o fato de ser sincero consigo mesmo e, por fim, com elas, pois tens medo de machucar os outros. [começo a achar que esse cara é a própria personificação de Deus. não sei se encaixo isso na categoria “fedida merda” ou “ufa!”]
- É, doutor! É exatamente isso! [repleto de emoção, sem perceber entrego as cartas ao doutor. fazer o que, já que generalizei tanto essa porra de desistência, melhor desistir mesmo e ver no que toda essa porra vai dar]
- Pois eu te entendo perfeitamente, rapaz.
- Entende?
- É…
- … [aqui ele já nos servia o segundo copo de Montilla. cheio, repleto, e o melhor: sem eu precisar pedir!]
- …
- Ora.
- Ahh! [tragou um bom gole de Montilla e sentou-se na poltrona frente a mim] Então, nosso tempo acabou.
- O QUÊ? [filho da puta!!]
- Haha! Brincadeira! Bem, de fato, acabou mesmo, mas eu gostei de ter um paciente tão complexo, e vamos continuar, a la revelia. [mal terminei meu primeiro gole e o maldito já estava na metade do copo]
- Ahhh, tá bom. Que bacana! [eu realmente não pude deixar de sorrir]
- Então. Voltando ao assunto. Quero aproveitar agora que estamos ambos por livre e espontânea vontade aqui, sentados um frente ao outro, sem qualquer questão sistemática envolvida. Acho que está divertido, não?
- Está sim. [e tá divertido mesmo. diga-se, muito divertido]
- Bem, quero aproveitar pra te contar um pouco da minha história. [ai ai ai… só o que falta agora o sujeito querer dar uma de papai sabe-tudo pra cima de mim]
- Err, tá bom. [e lá vem a maldita generalização de desistência pra acabar com qualquer resistência rebelde-sem-causa que eu possa vir a manifestar…]
- Bem. A história é mais ou menos essa…
- …
- Eu nunca pensei em me especializar na área de psicologia. Sempre tive muito apreço por essa profissão, até quando comecei a ter chiliques de psicopatia e, então, fiz minha consulta com o primeiro e único psicólogo que freqüentei. Era um sujeito pacato, direto e reto, e eu, completamente maluco e com uma vontade louca de sair matando por aí. Pensei: ora, mas que belo contraste! Eu, um assassino mental, dissipando e devorando cada chance de inserção no contexto da realidade, versus [no momento em que ouvi a palavra versus percebi que, desde o começo, ele já sabia dessa barreira inicial a que todo paciente se submete. salve minhas penas, estou diante de um gênio] um simples e objetivo homem que apenas captava três ou quatro em cada duzentas palavras de tudo o que eu falava. Cheguei à sua sala, e ele me recebeu com um sorriso cemiterial. Que engraçado. Naquela época as coisa eram mórbidas e formais. Ainda acho que as duas coisas andam meio unidas.
- Hahahaha! [senti um pouco de vergonha. bem pouco. estava beirando a embriaguez e o sujeito falava com desenvoltura capaz de me fazer voltar mais vinte vezes, na esperança de viver esse momento novamente]
- É engraçado, não? Pois é. Então. Entrei na sala, uma mistura de hospital com biblioteca, mas com um toque de brega, por causa da decoração que tentava deixar a coisa um pouco mais colorida. Sentei, coloquei as mãos nos joelhos, assim como você fez quando chegou aqui…
- Acho que é o padrão, não?
- Certamente. [rimos juntos, os dois já bem bêbados] Bem, ele ficou me olhando por algum tempo e, acredite, bem mais tempo que o necessário. Eu olhava de volta, tentando controlar a minha mais nova vontade de saltar em seu pescoço e lhe sufocar até a morte. Eu era bem porra louca.
- Percebe-se!
- É… [mais risadas. estava ficando ótimo. não me importaria nem um pouco de passar a noite inteira ali] Pra você ver… Ter uma noção.
- Haha!
- Então. Depois daquele silêncio enrustido eu juro, mas juro por tudo o que é mais sagrado, que nunca vi alguém tentar uma introdução com tamanho esforço quanto aquele sujeito. Vi seus lábios se moverem quadrados, como um quebra-cabeça escroto e faltando mais da metade das peças, até que ele despejou a primeira sentença. “O que o traz aqui?”, ele perguntou. “Vim porque não quero matar”…
- HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!! [não pude me conter. ele gargalhou junto e continuou]
- …falei. Depois voltei atrás. “Bem, na verdade eu vim porque sinto que quero matar, tenho vontade de matar, acho a vida um saco e quanto mais pessoas eu puder salvar do fardo de viver, melhor. Então, vim porque estou doente, e quero tentar parar de me meter na vida dos outros, porque sinto que se eu continuar me metendo na vida dos outros, uma hora não vai mais é ter vida nenhuma!”
- … [que história!]
- Aí o sujeito me olhou da cabeça aos pés, e depois ao contrário, e depois da cabeça aos pés de novo, e ficou em silêncio. “Bosta!”, pensei. “O que é que eu estou fazendo aqui?”. Que porcaria, não tem nem um minuto de terapia e ao invés de amenizar meu sofrimento só penso em matar mais ainda! Pois bem, o sujeito fez todo aquele esforço novamente, mas agora parecia que estava um pouco mais habituado, teve mais agilidade dessa vez. Proferiu a seguinte sentença: “O senhor toma alguma medicação?”. E eu já puto da cara, repliquei: “Só cachaça.”
[CONTINUA…]
- Olá. Tudo bem?
- Mais ou menos.
- Sente-se, por favor.
- …
- Então, o que há?
- Sinto um vazio, um pedaço que me falta.
- Divague.
- …
- …
- Como se eu estivesse aqui, mas não estivesse, entende?
- Hum. Sim, sim. É. Isso é comum. Todos nós sentimos falta de algo, mesmo não sabendo do que se trata. Não acha?
- É, eu sei. Mas é muito forte, sinto um aperto que me mata lentamente, não sei o que fazer.
- Uma espécie de solidão, presumo?
- Exato. Me sinto só. Caminho e o tempo passa lentamente, embora, de fato, eu não o perceba, sinto o tempo como uma sombra, só que, ao invés de me seguir, ele fica na minha frente e me atrapalha.
- …
- …
- Bem. Isso resulta de uma ansiedade decorrente. Com qual freqüência olhas o relógio?
- Quase nunca. E também nunca sei em que dia estamos. Que dia é hoje?
- Sexta-feira.
- Ah, sim sim! É, então… O que o senhor acha disso?
- É um caso um tanto incomum [aqui começo a estudar o doutor] esse seu. O sintoma base da ansiedade é a preocupação extrema com o passar das horas. Já no seu caso, disse que não se preocupa com isso. [ele tenta me fisgar enaltecendo meu ego com o elogio da raridade]
- … [apenas aguardo, em desafio]
- … [ele me olha, inabalado. está acostumado com isso, afinal]
- …
- Vamos tomar um drink?
- Hã? [essa é nova. nunca pensei que isso pudesse acontecer em meio a uma terapia]
- Um drink nos fará bem. Será mais fácil falar sobre qualquer coisa, e quero te acompanhar pra que não fique essa coisa de formalidade entre nós.
- Bem, eu não esperava por isso. Mas sim, aceito um drink. Bem grande.
- Tudo bem, só não vamos exagerar. Vou tomar a mesma quantidade que você, mas, embora seja o último paciente, depois daqui tenho ainda minha família para me receber.
- Certo.
- …
- …
- …
- Ah, por favor, preciso de mais que isso. Encha até o topo.
- Tudo bem.
- …
- …
- … [e encheu mesmo. haha, ao menos vou fazer ele chegar no brilho em casa]
- Bem, tomemos então um gole inicial, em brinde à eterna solidão do vampiro. [ainda por cima faz graça de meu problema. enfim]
- Er, ok, à eterna solidão do vampiro.
- … [tin]
- … [tin]
- Adoro rum. Embora seja destilado, não desce tão cretino [jesus, já suburbiou o vocabulário?!] quanto vodca, cachaça ou uísque vagabundo. Paga-se um pouco mais, mas vale a pena.
- Sim, sim. [e eu pagando cem reais por essa maldita consulta de uma hora. ao menos vou sair daqui tilintando]
- Bem, então, rapaz. Está se sentindo sozinho agora?
- Bom, doutor, pra falar a verdade não. Estou até gostando [e absurdamente curioso quanto a onde isso vai chegar] do clima, mas, sabe, vim aqui com um propósito.
- Sei, é claro. Eu apenas percebi que o senhor é um rapaz família, amigável e, embora muito quieto e introspectivo, consegue manter um diálogo enquanto muito atento a qualquer ruído, de qualquer dos lados. Mas há aí um pequeno problema.
- Sim? [já senti o brilho do velho Montilla. esse rum é uma pancada decisiva. espero não perder o fio da meada]
- Bem, er, como posso colocar isso, vejamos, hum… [o doutorzito também sentiu a pancada]
- …
- O que acontece é que, meu rapaz, estás depositando muita expectativa quanto ao que os outros pensam. Tanta expectativa, que o que assimilas sobre isso é dez vezes maior do que o que realmente é. Vejamos, como posso eh-… [aqui ele soltou um soluço. já estávamos quase ao fim do primeiro copo] explicar…
- Diga. [comecei a ficar meramente nervoso e, ao mesmo tempo, juro, sem qualquer conotação sexual, excitado. ele adentrara o âmago da questão com o encanto de um mago, embora eu ainda não confiasse nem um pouco nele. além do mais, a duração desse pensamento denota o quão bêbado vou ficar daqui em diante]
- Bem. Vou tentar dar um exemplo.
- …
- Quando você conversa com alguém, sempre há uma sensação de nervosismo, não? Uma dificuldade em estabelecer intimidade, um recesso de confiança, salvo por muito poucas pessoas que você já conhece há tempos. Estou errado? [tive que pensar um pouco pra responder isso]
- Hum… Não, doutor, não está. É isso mesmo que acontece. Eu fico muito nervoso quando converso com as pessoas, sinto como se isso não fosse trazer qualquer diferença ao mundo, e também a elas, e então vou desistindo de falar, quando vejo que não vai resultar em nada.
- Pois bem. Aí já encontro um excesso de expectativa. Está esperando demais do ouvinte, e de menos de ti. É um efeito retardado [retardado? bom, devemos estar bem bêbados e, por que não, “íntimos” mesmo] que se alastra no seu cotidiano. Isso intensifica o sentimento de desistência perante as pessoas e, como você sabe, nós, seres humanos, por mais que tentemos negar, estamos sujeitos, até inconscientemente, a generalizar sensações. No seu caso, a sensação generalizada foi a desistência e, o objeto dessa desistência, a interação com os outros indivíduos.
- …
- Então, por mais que tu converses com as pessoas, que saiba do que elas gostam ou não gostam, o que desperta sensações nelas, o que deves ou não dizer a elas é o que mais importa, e não o fato de ser sincero consigo mesmo e, por fim, com elas, pois tens medo de machucar os outros. [começo a achar que esse cara é a própria personificação de Deus. não sei se encaixo isso na categoria “fedida merda” ou “ufa!”]
- É, doutor! É exatamente isso! [repleto de emoção, sem perceber entrego as cartas ao doutor. fazer o que, já que generalizei tanto essa porra de desistência, melhor desistir mesmo e ver no que toda essa porra vai dar]
- Pois eu te entendo perfeitamente, rapaz.
- Entende?
- É…
- … [aqui ele já nos servia o segundo copo de Montilla. cheio, repleto, e o melhor: sem eu precisar pedir!]
- …
- Ora.
- Ahh! [tragou um bom gole de Montilla e sentou-se na poltrona frente a mim] Então, nosso tempo acabou.
- O QUÊ? [filho da puta!!]
- Haha! Brincadeira! Bem, de fato, acabou mesmo, mas eu gostei de ter um paciente tão complexo, e vamos continuar, a la revelia. [mal terminei meu primeiro gole e o maldito já estava na metade do copo]
- Ahhh, tá bom. Que bacana! [eu realmente não pude deixar de sorrir]
- Então. Voltando ao assunto. Quero aproveitar agora que estamos ambos por livre e espontânea vontade aqui, sentados um frente ao outro, sem qualquer questão sistemática envolvida. Acho que está divertido, não?
- Está sim. [e tá divertido mesmo. diga-se, muito divertido]
- Bem, quero aproveitar pra te contar um pouco da minha história. [ai ai ai… só o que falta agora o sujeito querer dar uma de papai sabe-tudo pra cima de mim]
- Err, tá bom. [e lá vem a maldita generalização de desistência pra acabar com qualquer resistência rebelde-sem-causa que eu possa vir a manifestar…]
- Bem. A história é mais ou menos essa…
- …
- Eu nunca pensei em me especializar na área de psicologia. Sempre tive muito apreço por essa profissão, até quando comecei a ter chiliques de psicopatia e, então, fiz minha consulta com o primeiro e único psicólogo que freqüentei. Era um sujeito pacato, direto e reto, e eu, completamente maluco e com uma vontade louca de sair matando por aí. Pensei: ora, mas que belo contraste! Eu, um assassino mental, dissipando e devorando cada chance de inserção no contexto da realidade, versus [no momento em que ouvi a palavra versus percebi que, desde o começo, ele já sabia dessa barreira inicial a que todo paciente se submete. salve minhas penas, estou diante de um gênio] um simples e objetivo homem que apenas captava três ou quatro em cada duzentas palavras de tudo o que eu falava. Cheguei à sua sala, e ele me recebeu com um sorriso cemiterial. Que engraçado. Naquela época as coisa eram mórbidas e formais. Ainda acho que as duas coisas andam meio unidas.
- Hahahaha! [senti um pouco de vergonha. bem pouco. estava beirando a embriaguez e o sujeito falava com desenvoltura capaz de me fazer voltar mais vinte vezes, na esperança de viver esse momento novamente]
- É engraçado, não? Pois é. Então. Entrei na sala, uma mistura de hospital com biblioteca, mas com um toque de brega, por causa da decoração que tentava deixar a coisa um pouco mais colorida. Sentei, coloquei as mãos nos joelhos, assim como você fez quando chegou aqui…
- Acho que é o padrão, não?
- Certamente. [rimos juntos, os dois já bem bêbados] Bem, ele ficou me olhando por algum tempo e, acredite, bem mais tempo que o necessário. Eu olhava de volta, tentando controlar a minha mais nova vontade de saltar em seu pescoço e lhe sufocar até a morte. Eu era bem porra louca.
- Percebe-se!
- É… [mais risadas. estava ficando ótimo. não me importaria nem um pouco de passar a noite inteira ali] Pra você ver… Ter uma noção.
- Haha!
- Então. Depois daquele silêncio enrustido eu juro, mas juro por tudo o que é mais sagrado, que nunca vi alguém tentar uma introdução com tamanho esforço quanto aquele sujeito. Vi seus lábios se moverem quadrados, como um quebra-cabeça escroto e faltando mais da metade das peças, até que ele despejou a primeira sentença. “O que o traz aqui?”, ele perguntou. “Vim porque não quero matar”…
- HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!! [não pude me conter. ele gargalhou junto e continuou]
- …falei. Depois voltei atrás. “Bem, na verdade eu vim porque sinto que quero matar, tenho vontade de matar, acho a vida um saco e quanto mais pessoas eu puder salvar do fardo de viver, melhor. Então, vim porque estou doente, e quero tentar parar de me meter na vida dos outros, porque sinto que se eu continuar me metendo na vida dos outros, uma hora não vai mais é ter vida nenhuma!”
- … [que história!]
- Aí o sujeito me olhou da cabeça aos pés, e depois ao contrário, e depois da cabeça aos pés de novo, e ficou em silêncio. “Bosta!”, pensei. “O que é que eu estou fazendo aqui?”. Que porcaria, não tem nem um minuto de terapia e ao invés de amenizar meu sofrimento só penso em matar mais ainda! Pois bem, o sujeito fez todo aquele esforço novamente, mas agora parecia que estava um pouco mais habituado, teve mais agilidade dessa vez. Proferiu a seguinte sentença: “O senhor toma alguma medicação?”. E eu já puto da cara, repliquei: “Só cachaça.”
[CONTINUA…]
...1
Obstinação
Palavra que me afia
Define
Previne
Ou apenas pouco adia
Do obstinado
A labiosa desvantagem
Fraqueza
Certeza
Ou sua débil qualidade
Pois mesmo carente
De coragem
Haverá de latir
Tal qual cão covarde
Palavra que me afia
Define
Previne
Ou apenas pouco adia
Do obstinado
A labiosa desvantagem
Fraqueza
Certeza
Ou sua débil qualidade
Pois mesmo carente
De coragem
Haverá de latir
Tal qual cão covarde
Mira!
Ora, mas que mentira!
Sim, pura lábia!
Quando eu disse que tinha você!
E tanto repetira!
Que acreditei!
E meu peito ao bradar-te!
Estufei!
Quando, na verdade!
Eras só minha mira!
Pois logo te apaguei!
E minha ira!
Sanei!
Sim, pura lábia!
Quando eu disse que tinha você!
E tanto repetira!
Que acreditei!
E meu peito ao bradar-te!
Estufei!
Quando, na verdade!
Eras só minha mira!
Pois logo te apaguei!
E minha ira!
Sanei!
Assinar:
Postagens (Atom)